Os
últimos números divulgados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, no mês de
novembro, revelam os estragos causados pela seca de 2014, uma das mais
devastadoras dos últimos anos, levando em conta os inúmeros programas de
convivência com a seca desenvolvidos em todo o semiárido brasileiro. “Se não
fossem os programas sociais desenvolvidos pelo Governo Federal, em parceria com
os governos estaduais, municipais e entidades de apoio ao homem do campo, a
seca de 2014, acrescido do que já vivenciamos em 2012 e 2013, muita gente teria
morrido de fome e cede em nossa região”, a afirmação é feita pelo presidente do
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Messias
Targino (SINTRAF), Genésio Pinto Neto, “Pôla Pinto”.
A
afirmação feita pelo sindicalista e vice-prefeito da cidade não é nenhum
exagero. Basta andar pelo interior do estado para se ter uma ideia do que
representa esses programas na vida de quem mora no campo. A construção de
cisternas, perfuração de poços, financiamento para produção agrícola irrigada,
entre outros programas, minimizam a situação dos pequenos produtores rurais.
As
Feiras Agroecológicas, na região Oeste do Rio Grande do Norte, são exemplos da
importância dos programas para sobrevivência dessas famílias, mesmo com a longa
estiagem que atinge o estado. Além da comercialização semanal dos produtos
orgânicos, os produtores buscam novas alternativas para elevar a produção e a
renda. Projetos governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA), são alternativas para garantia de renda para os pequenos produtores.
Em
diversas cidades da região, como Mossoró, Apodi, Governador Dix-sept Rosado,
Caraúbas, Patu, Messias Targino, Janduís, Campo Grande entre outros, o que não
faltam são exemplos de famílias e até comunidades inteiras que resistem às
adversidades do clima desfavorável, através da organização e apoio técnico que
recebem desse projeto.
“Com a
construção de cisternas e barragens que vêm sendo construídas pelo Centro Padre
Pedro Neefs e o Sintraf, em Janduís, que serviu de exemplo para outros
municípios da região, vai ser possível garantir o aumento na produção da
agricultura familiar na cidade”, destacou o sindicalista Raimundo Canuto de
Brito, da cidade de Janduís, durante as comemorações pelos oito anos da Feira
Agroecológica na cidade.
Lúcia
Silva, representante dos feirantes de Janduís, destaca a importância do projeto
para sua família. Segundo ele, tem sido os programas de incentivo aos pequenos
produtores rurais que garantem a sobrevivência de muitas famílias. “A água por
aqui nunca chegou de forma fácil, mas com os programas, passamos a usar de
forma mais controlada a água e, mesmo com água em menor quantidade conseguimos produzir”,
afirmou.
População
do RN enfrenta três anos de seca implacável
Ao
todo, a seca levou 1.246 dos 5.570 municípios brasileiros a decretarem situação
de emergência, tendo em vista as dificuldades enfrentadas nesses municípios. Em
muitos casos, as prefeituras, assim como os estados do Nordeste, tiveram que
decretar emergência por mais de uma vez, renovando o período de validade da
situação, como ocorreu no Rio Grande do Norte, que teve três decretos de
emergência.
No RN,
152, dos 167 municípios, decretaram situação de emergência. Os números apontam
os baixos índices de chuvas registrados no RN. Neste ano de 2014, o acumulado
de chuvas do período chuvoso foi 35% abaixo da normalidade, segundo as últimas
informações do meteorologista Gilmar Bistrot, da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do RN (Emparn). “Tivemos um terceiro ano consecutivo de seca. É um
quadro de seca bastante expressivo, com uma média bem abaixo do esperado”,
afirma.
A média
dentro da normalidade histórica para o período de janeiro a agosto, segundo
ele, é um acumulado de 700 mm, considerando todo o Estado. De acordo com a
medição da Emparn, agora em 2014, as precipitações ficaram em torno de 450 mm.
Uma situação um pouco melhor em relação aos últimos dois anos, mas insuficiente
para considerar regular. De acordo com meteorologista, no ano de 2013 o
acumulado foi de 400mm, sendo 42% abaixo da normalidade e o quadro de 2012 foi
o mais crítico, sendo abaixo dos 400mm.
Para
piorar ainda mais a situação, as perspectivas preliminares sobre o período
chuvoso em parte no Nordeste não são nada animadoras. Meteorologistas do Ceará
anunciaram na semana passada que as chuvas para os próximos noventa dias na
região devem ficar com maior probabilidade de precipitações abaixo da média no
total do trimestre (42%). O percentual de que se atinja a média é de 33%. Acima
dela é de apenas 25%.
Fonte: Jornal de Fato