O impacto da Reforma da Previdência para os “pequenos’

quinta-feira, 23 de maio de 2019 Pôla Pinto



O advogado Morôni Linhares,O servidor do INSS, Cleilson Carlos e o Sindicalista Pôla Pinto falam sobre o impacto da reforma da previdência


FABIANO SOUZA


Dando sequência sobre a reportagem que trata do impacto da Reforma da Previdência iniciada na edição do último dia 15 de maio, a equipe do Jornal DEFATO conversou com especialistas e um representante de entidade sindical sobre o assunto.

Eles falam sobre o impacto na reforma da previdência diretamente sobre a classe trabalhadora de baixa renda que atinge diretamente a agricultura familiar e beneficia empresários de grandes empresas nacionais e multinacionais

Para Morôni Linhares Matoso, advogado Especialista em Direito Constitucional e Tributário a reforma da previdência terá um pacto negativo maior para as mulheres e pequenos produtores rurais. “Hoje para obter aposentadoria, quem trabalha no campo tem que ter idade de 60 para homens 55 e comprovação de que trabalhou 15 anos no meio rural. Com a proposta haverá uma alteração drástica passando a  valer idade mínima de 60 anos para homem e para mulher e 20 anos de comprovação de atividade rural mediante comprovação pelo Cadastro Nacional de Formação Social do INSS. Essa cadastro deverá ser alimentado por documentação que o próprio agricultor terá que conseguir”, acrescenta.

Essa documentação pode ser uma autodeclaração ou contribuição familiar de pelo menos R$ 600,00 por ano. “Essa mudança vai dificultar ainda mais a comprovação de que os agricultores atuaram pelo tempo exigido. Sem contar que a declaração sindical não terá mais validade”, disse.

Com isso, as entidades sindicais perdem autonomia nos encaminhamentos de pedidos de aposentadorias. “ Isso não quer dizer que os sindicatos não possam continua auxiliando os seus associados. O sindicato continuará emitindo as declarações, que não terão validade de comprovação a menos que os associados assinem uma autodeclaração comprovando isso. Mesmo assim o que se observa é que a proposta do atual governo é enfraquecer os movimentos sindicais, impedindo que as entidades possam encaminhar a documentação utilizando a declaração que comprova a atividade dos associados. Trata-se de uma inversão de valores”, afirma.

Reforma trará dificuldades para o campo

Para o servidor publico do INSS, Francisco Cleilson Carlos, as mudanças propostas com a reforma da previdência, vão trazer sérios problemas para os trabalhadores rurais e para a vida no campo. “Além da dificuldade de conseguir obter o beneficio para os trabalhadores rurais, com os entraves burocráticos, a reforma da previdência vai gerar um serio problema econômico para os municípios de pequeno porte, em que a grande maioria, tem sua econômica fundamentada na receita oriunda da previdência social. Cidade como Martins Almino Afonso, e Umarizal, onde a receita proveniente de recursos da previdência é quase três vezes maior que o do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Um verdadeiro absurdo”, disse o servidor.

Outro fator importante ressaltado por Cleilson é a questão do Regime de capitalização, com base na criação do Artigo 201 A, que autoriza a criação do novo regime. Isso desobriga os empresários a repasse o mínimo de 20% da folha de pagamento para o INSS. Ou seja, o próprio trabalhador é que terá que financiar sua aposentadoria. “Vejamos com exemplo: Se uma empresa tem uma folha de cinco milhões, ela tem que repassa para o INSS um milhão, fora o desconto do que é descontado do empregado que varia entre 8% e 11%. Com a mudança as empresas ficam isentas dos 20% e a cobrança será feita só ao trabalhador”, esclarece.


Mulheres são as mais atingidas com a reforma

O vice-prefeito e presidente Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Messias Targino (Sintraf), Genésio Pinto Neto o Pôla Pinto disse que a reforma vai atingir todos os regimes previdenciários, vai atingir mais gente e com mudanças mais fortes, incluindo o aumento nas alíquotas de contribuição. “A  disposição do governo em se propor a fazer mudanças de forma muito rápida, os prazos de transição são bastante curtos”, apontou ele.

O sindicalista frisou ainda que a Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, que foi uma grande conquista dos agricultores e suas  entidades  do campo está sendo desmontada. A fixação da idade para os especiais e assalariados rurais de 60 anos para ambos os sexos (homens e mulheres), foi bastante  criticada. “As mulheres são as mais atingidas, com o a aumento de 5 anos”, disse.

Ele ressaltou ainda que a Reforma da Previdência e a MP 871,  além de impactar negativamente na vida das pessoas, vai prejudicar  a economia dos pequenos  municípios, como Messias Targino, onde a receita previdenciária  é fundamental para garantir a movimentação econômica e a  geração de renda


Publicado   na edição  de 19 de Maio do Jornal de Fato


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