Safra deve encolher 12% este ano

quinta-feira, 29 de maio de 2014 Pôla Pinto



Maio está chegando ao fim e com ele se encerram as expectativas de novas chuvas para o interior do Estado, e levanta suspeitas sobre a consolidação da safra 2013/2014. De acordo com o último Levantamento Sistemático de Produção Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/RN, a expectativa de produção em 2014 encolheu 12,43% com relação à estimativa de safra esperada em 2013. A diminuição é causada pela redução na expectativa de colheita de culturas como feijão verde, cana-de-açúcar, tomate e melão.
Magnus NascimentoNa Fazenda Barbará, entre Ceará-Mirim e Taipu, os agricultores ainda colhem a produção de 2013 e mantêm baixas as expectativas para as próximas colheitas deste ano 
Na Fazenda Barbará, entre Ceará-Mirim e Taipu, os agricultores ainda colhem a produção de 2013 e mantêm baixas as expectativas para as próximas colheitas deste ano


De acordo com o levantamento, a expectativa de safra para 2014 era de 3,81 toneladas de grãos e frutos, pouco acima da expectativa de 2013 (4,35 toneladas) e que ainda não foi confirmada. Entre março e abril, a expectativa de produção caiu 0,06%. No caso do abacaxi e coco-da-baía a estimativa para abril era de 152 mil frutos, o que representa um decréscimo de 10,59% em comparação com a safra de 2013 (170 mil frutos).

Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do RN (Fetarn), Manoel Cândido, a colheita de milho no Estado pode minguar se a chuva não estiver garantida até, pelo menos, 15 de junho. O milho foi a cultura que teve o maior aumento de expectativa de produção entre dezembro de 2013 e abril de 2014:  de acordo com o LSPA do mês passado, o aumento foi de 237%. 

“Nós vamos ter feijão, milho, mas alguma coisa muito resumida porque a chuva se concentrou apenas em algumas comunidades. A produção do milho se consolida se continuar chovendo pelo menos até 15 de junho. Então, a gente ainda tem medo de perder a grande safra”, previu Cândido. “O milho é uma cultura muito melindrosa.”

A diminuição da esperança dos produtores para a safra deste ano é refletida no aumento da procura pelos programas governamentais de assistência, como o Garantia Safra. O programa reembolsa os agricultores familiares que comprovarem perda de pelo menos 50% da produção. “Nos dois últimos anos tivemos secas severas, e a cada ano a procura vem subindo. Esse programa é uma garantia para os produtores”, explica Magnalda Fontoura, coordenadora estadual do Garantia Safra.

Em 2012, 49.439 agricultores aderiram ao programa, que garante reembolso de R$850, dividido em cinco parcelas. Em 2013, o número de agricultores cadastrados subiu para 58.183 mil. Somente neste ano, 21 municípios já aderiram ao Garantia Safra, e outros quatro já solicitaram a vistoria da Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca (Sape) para comprovar a perda da colheita.

“O Garantia Safra tem dois lados: é positivo porque dá mais oportunidade ao pequeno produtor, mas ao mesmo tempo, caso se consolide o programa, é um sinal de que a produção não vai bem”, alerta o presidente da Federação de Agricultura do RN (Faern), José Vieira. Entre os municípios que aderiram ao programa estão Água Nova, Campos Grande, Bodó e Coronel Ezequiel.

A alta adesão ao programa é apenas um sintoma da situação crítica de regiões como Seridó e Alto Oeste Potiguar. Este foi o terceiro ano de seca que as regiões enfrentaram, apesar de um inverno “dentro da normalidade” ter sido previsto para o interior do Estado. Na última reunião de previsão meteorológica, na semana passada, em Aracaju, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn) previu o encerramento das chuvas para o interior até o fim deste mês.


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