Em 1964, durante a Feira Mundial de Nova York, o New York Times
convidou o escritor de ficção científica e professor de bioquímica
Isaac Asimov a fazer previsões de como seria o mundo 50 anos depois, ou
seja, este ano. Asimov escreveu mais de 500 trabalhos, entre romances,
contos, teses e artigos e sempre se caracterizou por fazer projeções
acuradas sobre o futuro. As previsões do escritor, que morreu em 1991,
são surpreendentes.
O artigo do Times e a acurácia das previsões foram temas de um texto do site Open Culture.
Cozinha
Asimov prevê que os equipamentos de culinária pouparão a humanidade
de fazer trabalhos tediosos. “As cozinhas estão equipadas para fazer
“auto-refeições”. “Almoços e jantares serão feitos com comidas
semi-preparadas, que poderão ser conservadas em freezer. Em 2014, as
cozinhas terão equipamentos capazes de preparar uma refeição individual
em alguns poucos segundos”. Só faltou mesmo ele usar a palavra
“microondas”.
Computadores
O escritor previu um mundo repleto de computadores capazes de fazer
as mais complexas tarefas. “Em 2014, haverá mini computadores
instalados em robôs”, escreve ele, no que parece ser uma alusão aos
chips. E garantiu que será possível fazer traduções com uma dessas
máquinas, como se previsse a existência do Google Translator.
Comunicação
As ligações telefônicas terão imagem e voz, garantiu Asimov em seu
texto. “As telas serão usadas não apenas para ver pessoas, mas também
para estudar documentos e fotos e ler livros”. E prevê que satélites em
órbita tornarão possível fazer conexões telefônicas para qualquer lugar
da Terra e até mesmo “saber o clima na Antártica”. Mas em Terra haverá
outras soluções. “A conexão terá que ser feita em tubos de plástico,
para evitar a interferência atmosférica”, escreve ele, como se já
conhecesse a fibra ótica.
Cinema
Asimov previu que em 2014 o cinema seria apresentando em 3-D, mas
garantiu que algumas coisas nunca mudariam: “Continuarão a existir filas
de três horas para ver o filme”.
Energia
Ele previu que já existiriam algumas usinas experimentais produzindo
energia com a fusão nuclear. Errou. Mas acertou quando vaticinou a
existência de baterias recarregáveis para alimentar muitos aparelhos
elétricos de nossa vida cotidiana. Mais ainda: “Uma vez usadas, as
baterias só poderão ser recolhidas por agentes autorizados pelos
fabricantes” — o que deveria acontecer, mas nem sempre acontece.
Veículos
Asimov erra feio nas suas previsões relacionadas ao transporte.
Ele acreditou que carros e caminhões pudessem circular sem encostar
no chão ou água, deslizando a uma altura de “um ou dois metros”. E que
não haveria mais necessidade de construir pontes, “já que os carros
seriam capazes de circular sobre as águas, mas serão desencorajados a
fazer isso pelas autoridades”.
Marte
Para o escritor, em 2014 o homem já terá chegado a Marte com
espaçonaves não tripuladas, embora “já estivesse sendo planejada uma
expedição com pessoas e até a formação de uma colônia marciana”. O que
nos faz lembrar da proposta pública de uma viagem a Marte só de ida,
feita recentemente, para formar a primeira colônia no planeta.
Televisão
Asimov cita a provável existência de “televisões de parede”, como se
pudesse prever as telas planas, mas acredita que os aparelhos serão
substituídos por cubos capazes de fazer transmissões em 3-D, visíveis de
qualquer ângulo.
População
O escritor previu que a população mundial seria de 6,5 bilhões em
2014 (já passou dos 7 bilhões) e que áreas desérticas e geladas seriam
ocupadas por cidades — o que não é exatamente errado. Mas preconizou,
também, a má divisão de renda: “Uma grande parte da humanidade não terá
acesso à tecnologia existente e, embora melhor do que hoje, estará muito
defasada em relação às populações mais privilegiados do mundo. Nesse
sentido, andaremos para trás”, escreve ele.
Comida
“Em 2014 será comum a ‘carne falsa’, feita com vegetais, e que não
será exatamente ruim, mas haverá muita resistência a essa inovação”,
escreve Asimov, referindo-se provavelmente aos hambúrgueres de soja.
Expectativa de vida
O escritor preconizou problemas devido à super população do planeta,
atribuindo-a aos avanços da medicina: “O uso de aparelhos capazes de
substituir o coração e outros órgãos vai elevar a expectativa de vida,
em algumas partes do planeta, a 85 anos de idade”. A média mundial subiu
de 52 anos em 1964 para 70 anos em 2012. Em alguns países, como Japão,
Suíça e Austrália, já está em 82 anos.
Escola
“As escolas do futuro”, escreve Asimov, “apresentarão aulas em
circuitos fechados de TV e todos os alunos aprenderão os fundamentos da
tecnologia dos computadores”. O que ele não previu foi a possibilidade
de os alunos ensinarem os professores quando se trata de uso de
computadores — como, aliás, ocorre em algumas escolas públicas
brasileiras.
Trabalho
Asimov previu uma população entediada, como sinal de uma doença que
“se alastra a cada ano, aumentando de intensidade, o que terá
consequência mentais, emocionais e sociais”. Depressão? “Ouso dizer”,
prossegue ele, “que a psiquiatria será a especialidade médica mais
importante em 2014. Aqueles poucos que puderem se envolver em trabalhos
mais criativos formarão a elite da humanidade”.