O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) avalia como “frágil e
instável” a situação do Rio Grande do Norte, após a nulidade do diploma
da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e consequente cassação do seu
mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na semana passada. Ele
lembra que Rosalba está no cargo por força apenas de uma liminar da
ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Laurita Vaz, concedida na
última sexta-feira.
“Rosalba está inelegível, pela lei da ficha limpa. E é governo através de liminar”, disse o parlamentar, afirmando que “o desastre do governo Rosalba criou uma instabilidade no Estado como um todo”. “Temos uma situação sui generis. Temos a prefeita da segunda maior cidade cassada, e a governadora se segura numa liminar para administrar o Estado. É uma situação nunca vista na história, por isso que propus que a Assembleia não entrasse em recesso para acompanhar esses fatos”, disse o parlamentar.
“Rosalba está inelegível, pela lei da ficha limpa. E é governo através de liminar”, disse o parlamentar, afirmando que “o desastre do governo Rosalba criou uma instabilidade no Estado como um todo”. “Temos uma situação sui generis. Temos a prefeita da segunda maior cidade cassada, e a governadora se segura numa liminar para administrar o Estado. É uma situação nunca vista na história, por isso que propus que a Assembleia não entrasse em recesso para acompanhar esses fatos”, disse o parlamentar.
Mineiro disse que analisa a possibilidade de entrar com pedido de
impeachment contra Rosalba na Assembleia Legislativa. Outra
possibilidade, analisada pelo parlamentar, diz respeito a provocar o
Ministério Público, para que faça valer a Lei da Ficha Limpa, por
entender que a governadora, desde que teve a condenação por uso do avião
na campanha eleitoral passada confirmada pelo TRE, já deveria ter sido
acionada, tanto na esfera civil, quanto na criminal.
“De minha parte estamos analisando a situação e o processo como um todo
para apresentar pedido de impeachment na Assembleia, ou acionar o
Ministério Público para que o MP se posicione, dizer se há
inelegibilidade ou faça valer a lei da ficha limpa”, disse Mineiro.
PENDURADO
Desde a semana passada, o mandato de Rosalba está assegurado apenas por
uma liminar do TSE. A ministra Laurita Vaz, ao analisar mandado de
segurança da defesa da governadora, decidiu suspender o acórdão do TRE,
que há uma semana anulou o diploma da gestora, cassando o mandato dela e
mandando dar posse ao vice-governador, Robinson Faria (PSD). Por cinco
votos a um, os juízes do TRE confirmaram a condenação da governadora
dada pela juíza Ana Clarisse Arruda, da 34ª Zona Eleitoral, em Mossoró.
Rosalba foi condenada na Justiça Eleitoral (em primeira e segunda
instância) por uso abusivo do avião oficial do Estado do Rio Grande do
Norte. Segundo o relator do recurso dela no TRE, juiz federal Marco
Bruno de Miranda, ela utilizou o jato oficial para se deslocar ao menos
34 vezes (contando ida e volta), apenas de julho a outubro de 2012.
Informações do próprio relator, entretanto, apontam que a quantidade de
voos teria sido inclusive, superior a esta.
O Ministério Público Estadual, através do procurador-geral de Justiça,
decidiu investigar. Recebeu informações do Ministério Público Federal,
responsável pela investigação eleitoral, e analisa a possibilidade de
abertura de inquérito para investigar a governadora. Há informações de
que o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
(Cindacta), que cuida do Sistema de Controle do Espaço Aéreo, teria
disponibilizado informações que estariam disponíveis ao MP.
USO DA MÁQUINA
Ao abordar o recurso que resultou na nulidade do diploma da governadora
no TRE, o juiz federal Marco Bruno de Miranda disse, em entrevista à
Rádio Cidade, que a agenda da governadora, na época da campanha
eleitoral, “era construída para justificar a sua presença em Mossoró”.
Para tanto, ela se utilizava do avião do governo, onde cada voo teria
um custo médio de R$ 50 mil (entre combustível, pessoal, taxas com
aeroportos e outras despesas).
Segundo o juiz, relator do recurso de Rosalba no TRE, “a grande maioria
dos compromissos oficiais” de Rosalba em Mossoró, no período eleitoral,
“ocorria na sexta-feira e na segunda-feira, de modo que a governadora
aproveitava o fim de semana para participar da campanha em Mossoró”.
Ao todo, Rosalba teria utilizado o avião do Estado ao menos 34 vezes
irregularmente, sendo que 17 idas e 17 voltas, no percurso
Natal-Mossoró. “Eu constatei no processo pelo menos 17 vezes. Há outro
processo que aponta algumas outras vezes, que foi um processo julgado na
mesma sessão logo em seguida. Então seriam 17 trajetos de ida e 17
trajetos de volta”, disse Marco Bruno Miranda.
Ainda segundo o magistrado, Rosalba alegou, na defesa, que “possui
residência em Mossoró e por isso essa não seria uma conduta proibida”.
No entanto, Marco Bruno afirma que fez “uma comparação entre os planos
de voo das aeronaves do Estado e a agenda da governadora, e a primeira
observação que se tem é que, em alguns desses trajetos, não havia
compromisso oficial da governadora em Mossoró nesse período”, afirmou.
Também conforme Marco Bruno, se percebeu também que a governadora,
nesse período, “tinha muito mais compromissos oficiais em Mossoró do que
no restante do Estado inteiro”, observou.
“Fazendo uma análise desse contexto, se chegou à conclusão de que a
agenda da governadora era construída para justificar a sua presença em
Mossoró, justamente no período de campanha, porque a grande maioria dos
compromissos oficiais ocorria na sexta-feira e na segunda-feira, de modo
que a governadora aproveitava o fim de semana para participar da
campanha em Mossoró”, destacou o magistrado.
ISOLAMENTO
Na avaliação de Fernando Mineiro, todos os processos que envolvem a
governadora Rosalba em abuso de poder econômico e político e uso da
máquina administrativa nas eleições municipais de 2012 estão sendo
analisados. Enquanto a análise não é finalizada, o deputado aponta a
total falta de apoio do governo, que carece de sustentação política e
defesa.
“O governo se isolou. Nem os sempre governistas estão aliados da
Rosalba. Rosalba não tem ninguém que a defenda. O governo está
totalmente paralisado. O ano inclusive já terminou, e só vai voltar
depois do carnaval, porque o resto de ano não tem nenhuma ação
administrativa. Depois, de janeiro a fevereiro, será a velha cantilena
de que o orçamento não abriu”, analisa o deputado petista.
Para Mineiro, a tendência é que a paralisia do Estado aumento neste
recesso de fim de ano, uma vez que o governo irá alegar que só irá agora
ter como atuar a partir do final de fevereiro, quando da abertura do
orçamento de 2014. “A tendência é aumentar a paralisia, se isso for
possível. Chegamos à reta final do ano, essa é praticamente a última
semana. Depois, vai ter discurso de que nada vai funcionar porque o
orçamento não abriu”.
Quanto ao funcionalismo, Mineiro diz que o governo Rosalba continua
desrespeitando os servidores do Estado. “O funcionalismo está
desrespeitado pelo governo dede o primeiro dia de Rosalba como
governadora. Temos um governo muito enfraquecido porque ela é
governadora por força de liminar”, insiste Mineiro.
Ainda segundo o deputado Fernando Mineiro, diante de tal quadro, ele
estuda acionar o Ministério Público. “Há um enfraquecimento do Estado; o
clima de instabilidade é muito grande. Rosalba está enfraquecida porque
foi abandonada pelos seus aliados e porque governa por força de uma
liminar do TSE”, declarou o petista.