Artigo: O ano da educação, por Fátima Bezerra
O
ano de 2013 se inicia com desafios que exigirão do governo de coalizão
liderado pela presidenta Dilma Rousseff e da sociedade brasileira um
esforço contínuo de atenção, mobilização e ação.
No plano econômico
destacaria a necessidade de ampliar a capacidade de investimento do
Estado brasileiro para que possamos prosseguir em direção ao pleno
emprego, manter o controle da inflação e efetivar cada vez mais os
direitos da maioria do povo brasileiro. O governo liderado pelo PT já
demonstrou que isso é possível ao retirar milhares de brasileiros e
brasileiras da pobreza e inserir na chamada “nova classe média”, mas
para manter o ritmo de crescimento com inclusão social será necessário
repactuar a relação entre capital e trabalho em nossa sociedade, pacto
que é concretamente retratado no Congresso Nacional. Ou conquistamos o
apoio da maioria dos (as) parlamentares para o projeto de
desenvolvimento em curso ou muito brevemente nosso projeto poderá se
estagnar num estágio que podemos metaforicamente caracterizar como
adolescência. Repactuar significa realizar reformas estruturais
extremamente necessárias para democratizar a democracia brasileira, da
tributação à comunicação, da questão agrária à questão política.
Repactuar significa redistribuir renda concentrada, privilegiar o
capital produtivo em detrimento do capital especulativo, dar voz a todos
os segmentos da sociedade brasileira e permitir que o parlamento seja
um retrato mais verossímil de nossa sociedade.Repactuar, entretanto, não
é uma tarefa apenas do governo e dos partidos políticos, os movimentos
populares e a pressão social podem e devem cumprir um papel decisivo.
Não poderia deixar de
destacar também um outro desafio extremamente importante para o presente
e o futuro do Brasil. Trata-se exatamente da educação, da educação como
parte imprescindível de um projeto de desenvolvimento nacional.
Universalizar o acesso à educação (da educação infantil ao ensino
superior) e investir na qualidade da educação brasileira significa mais
do que garantir direitos historicamente negados a parcelas
significativas do povo brasileiro; significa também preparar a sociedade
brasileira para conquistarmos nossa soberania científica e tecnológica,
significar construir a base de uma nação soberana que poderá vir a
exercer cada vez mais influência na modificação do pacto capitalista
global em sua faceta imperialista.
Sendo assim, o ano de
2013 não pode deixar de ser o ano da educação. O ano em que devemos
permanecer em contínua vigilância para que o novo Plano Nacional de
Educação seja aprovado no Congresso Nacional e não sofra nenhum tipo de
retrocesso do ponto de vista programático durante sua tramitação no
Senado. O ano em que devemos corrigir o equívoco cometido pela maioria
dos parlamentares da Câmara dos Deputados e aprovar a medida provisória
que destina 100% dos royalties e 50% do fundo social do pré-sal à
educação brasileira. A aprovação da medida provisória é a garantia de
que, do ponto de vista orçamentário, o novo Plano Nacional de Educação
deixará de ser uma carta de intenções e passará a ser uma política
pública exequível, uma política pública que pode revolucionar a educação
brasileira nos próximos dez anos.
Para tanto, o governo
Dilma precisará de muita habilidade e sensibilidade, os partidos de
esquerda deverão mobilizar seus militantes e os movimentos sociais serem
cada vez mais ousados e aguerridos. Não podemos perder mais uma
oportunidade de, transformando a educação brasileira, elevar o Brasil a
outro patamar de desenvolvimento econômico e social. Todos pela educação
para construir uma nova nação!
Fátima Bezerra
Professora e deputada federal