Fátima faz pronunciamento sobre a seca no RN
A deputada federal
Fátima Bezerra (PT) discursou na tribuna da Câmara dos Deputados nesta
segunda-feira (19) sobre fenômeno da estiagem no Nordeste, com destaque
para o RN, um dos estados mais castigados.
“O fenômeno da estiagem no Nordeste,
cíclico e previsível, ainda é capaz de surpreender e revelar o quanto
nossa região está despreparada. O Rio Grande do Norte não está fora
dessa realidade. Pelo contrário, nosso Estado é um dos mais castigados
por ter 70% de sua área geográfica no semi árido. São mais de 120
municípios que padecem com a falta d’água para consumo humano e animal,
além da perda dos rebanhos e das lavouras. A situação é crítica e deverá
piorar porque a previsão para 2013 também é de inverno irregular”,
evidenciou a deputada.
Leia o pronunciamento na íntegra:
O fenômeno da estiagem no Nordeste,
cíclico e previsível, ainda é capaz de surpreender e revelar o quanto
nossa região está despreparada para a convivência com UM problema
secular, fortemente registrado ao longo da nossa história, com
consequências dramáticas para milhões de habitantes, principalmente os
mais pobres.
O Rio Grande do Norte não está fora
dessa realidade. Pelo contrário, nosso Estado é um dos mais castigados
por ter 70% de sua área geográfica no semi-árido. São mais de 120
municípios que
padecem com a falta d’água para
consumo humano e animal, além da perda dos rebanhos e das lavouras. A
situação é crítica e deverá piorar porque a previsão para 2013 também é
de inverno irregular.
Como o objetivo desse pronunciamento
não é apenas identificar o problema, mas propor soluções emergenciais,
quero priorizar três pontos que considero de alta relevância para
atenuar os efeitos da atual situação de estiagem.
O primeiro é a operacionalização do
Crédito Emergencial, que os agricultores familiares não conseguem
acessar. O principal entrave para isso é que as normas burocráticas são
as mesmas adotadas para outros créditos do PRONAF. O resultado é que,
segundo dados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio
Grande do Norte – FETARN, até o momento apenas 2% do público que deveria
ser beneficiado, conseguiu vencer a burocracia e ter acesso a esses
recursos, que são fundamentais para salvação dos rebanhos, um dos
pilares da economia rural do semi-árido. Só para citar um exemplo, em
Mossoró existem cerca de 600 projetos em análise e sem perspectiva de
aprovação a curto prazo. A solução para isso é a adoção de uma resolução
especial do Governo federal que trate o Crédito Emergencial de forma
diferenciada para que ele cumpra o objetivo de sanar situações que, de
fato, são de emergência. Se isso não for feito de forma rápida, corremos
o risco de ver esse crédito se transformar numa figuração sem efeito
prático.
Outra questão que requer providências
imediatas é a distribuição de milho subsidiado por parte do Governo
federal por parte de CONAB. Quero destacar que esse é um programa de
largo alcance social e fundamental para a preservação dos rebanhos de
bovinos, caprinos, suínos, etc. O Governo Federal ampliou o programa e
adotou medidas para evitar desvios e centralização na aquisição por
parte dos médios e grandes produtores. O problema é que a CONAB não
dispõe de estrutura suficiente para fazer o produto chegar aos
agricultores. Em Audiência realizada pelo mandato do deputado Fernando
Mineiro do PT com a participação da Direção da CONAB, representantes da
Agricultura Familiar, do nosso mandato e da Delegacia do MDA, a CONAB
assumiu o compromisso de que até o início de 2013 a distribuição será
normalizada e ampliada, o que esperamos seja de fato efetivada. O
Governo estadual deveria ter uma postura pró ativa e atuar junto a esse
programa como parceiro, contribuindo não apenas com as informações sobre
os rebanhos vacinados (condição para acessar o milho), mas também na
questão do transporte.
O terceiro grande problema é o da
água. Com o colapso de grande parte das cisternas de placas e dos açudes
de pequeno porte, todo o processo de distribuição depende dos
reservatórios de médio e grande porte, das adutoras e de carros-pipa,
que já abastecem mais de 80 municípios, com muita precaridade. Além
disso, em algumas regiões está sendo adotado racionamento nas adutoras.
Como a previsão é que o problema de
distribuição de água se intensifique em 2013, é fundamental ampliar o
número de carros pipa. Além de uma ação articulada entre as diversas
esferas do Governo para um enfretamento mais eficaz desse gravíssimo
problema.