Artesão de 97 anos, mantém vivo o artesanato nordestino

segunda-feira, 10 de outubro de 2016 Pôla Pinto


Aos 97 anos, o artesão de estilo próprio, Juvenal Guilherme de França se orgulha do seu oficio e da sua vida tranqüila que consegue levar fazendo suas peças de couro, alumínio ou material reciclável como garrafas pet.


O Artesão diz que aprendeu a confeccionar as peças observando e ajudando seu avô

Juvenal que mesmo morando ao lado das casas das filhas, prefere morar sozinho e cuidar de tudo na casa, inclusive a comida, diz que sua força para continuar atuando como artesão vem do desejo de esta sempre produzindo algo novo.

Ele acabou se transformando em referências na cidade de Messias Targino e toda a região, inclusive no estado da Paraíba, de onde veio para Messias Targino em 29 de setembro de 1961.
Ele disse que a confecção de peças de couro, aprendeu com o avô com quem conviveu um bom período a partir dos 12 anos de idade. “Eu sempre fui muito curioso e gostei de aprender sobre tudo. Por isso, trabalhei em muita coisa, mas a fabricação de peças de couro sempre foi uma grande paixão”, declara Juvenal Guilherme.

As peças confeccionadas pelo artesão fazem parte do cotidiano do povo nordestino

Pelas mãos do mestre de ofício, o couro se transforma em sandálias, cintos e outros objetos. Além disso, ele mantém a tradição de confeccionar peças em alumínio, zinco e material reciclado. O trabalho paciente de artesão garante a qualidade de suas peças que são comercializadas na região do Cariri paraibano e também sob encomenda. “A maioria das peças de couro, alumínio e zinco vão para a região do Cariri, onde as feiras de peças tipicamente de  nossa região, com sandálias de couro, lamparinas, baldes de leite, conchas entre outras são muito bem aceitas, mas também vendemos algumas peças que são encomendadas aqui em casa”, afirma.

A produção de Juvenal Guilherme é comercializada no Cariri paraibano e também em feiras nos municípios da região

Ele lamenta o fato de nenhum dos seus filhos e netos se interessarem pela arte, mas reconhece que nos dias atuais as pessoas buscam outros ofícios que não exigem tanta paciência. “O trabalho de artesão não é algo fácil, exige amor e paciência para criar. As pessoas hoje em dia vivem numa correria danada. Como eu tenho todo tempo do mundo vou seguindo com meu oficio até quando Deus permitir”, acrescenta.

Os mestres de ofício como Juvenal Guilherme estão em extinção, porque o fazer tradicional, de onde eles vêm, está acabando, e as pessoas mais jovens não se interessam em aprender. Além disso, faltam políticas publicas que possam fazer com que pessoas como Juvenal, possa dispor de um espaço para repassar seus conhecimentos para outras pessoas.

Gestores eleitos mostram preocupação em manter a cultura popular

Como geralmente os mestres são mais velhos, a prefeita eleita de Messias Targino Shirley Targino e seu vice-prefeito Genésio Pinto Neto, o Pôla Pinto temem pelo futuro da arte popular na região. Mesmo com o interesse de alguns jovens das comunidades onde os artistas ainda vivem. Para eles, não é tão simples encontrar um mestre de ofício. “São pessoas que não guardam os saberes, passam adiante e, com o gesto, transformam a comunidade num lugar melhor. Assim forma-se um grupo. Mestre é aquele que, além de ter o dom, tem a disponibilidade de dividir com os outros. Esperamos fazer alguma coisa em nossa administração para preserva, nossa cultura através da arte de pessoas como seu Juvenal Guilherme”, disse a prefeita eleita.

Pôla Pinto afirma que, Juvenal Guilherme é um exemplo a ser seguindo. Além da capacidade de manter viva a tradição do artesanato nordestino, ele demonstra vitalidade. “Além de manter suas atividades de artesão,ele faz questão de cuidar de sua casa e fazer sua própria comida. Precisamos de pessoas assim para que nossos jovens possam se espelhar”, diz.

Com um sorriso sempre aberto, Juvenal Guilherme diz que o segredo de sua vitalidade aos 97 anos, vem da alimentação. “Aqui em casa não falta um corredor de boi para que eu possa tomar meu caldo e um pirão. Além disso, deixei de fumar há vários anos e não bebo”, afirma



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