Para Fátima, projeto que regulamenta terceirização representa um retrocesso

quarta-feira, 8 de abril de 2015 Pôla Pinto


A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) é contra a aprovação do PL 4330/2004, que regulamenta contratos de terceirização, em análise da Câmara dos Deputados. Em Plenário, a parlamentar lembrou que a aprovação da proposta representa um retrocesso e contribui para a precarização das relações de trabalho no país.
Fátima ressaltou que as principais representações sindicais de trabalhadores e movimentos sociais do país são contra a proposta por entender que ela traz prejuízos para os trabalhadores terceirizados e para a economia do país como um todo. Ela também se disse contrária ao PLS 87/10, com teor semelhante, que recentemente foi desarquivado no Senado.
Nesta terça-feira (7), data em que estava marcada a votação da matéria pelo Plenário da Câmara, a CUT, a CTB, O MST, a UNE, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a Central dos Movimentos Populares e dezenas de outras centrais sindicais e de movimentos sociais fizeram manifestações contra o PL 4330.
São quase 13 milhões de trabalhadores terceirizados no país, que representam quase 27% do mercado formal brasileiro, segundo  estudo que a CUT realizou em parceria com o Dieese, em 2014, intitulado “Terceirização e Desenvolvimento, uma conta que não fecha”.
Uma das principais críticas à proposta, que conta com o apoio das empresas, é que ela libera a terceirização nas atividades-fim. Hoje, como não há legislação específica, o que vigora é a Súmula 331, do  Tribunal Superior do Trabalho (TST),  que determina que a terceirização no Brasil só deve ser dirigida a atividades-meio.
As centrais sindicais também são contrárias ao dispositivo que acaba com a responsabilidade solidária nas relações trabalhistas, à determinação que a representatividade sindical passaria a ser do sindicato da empresa contratada e não da contratante e a que permite a terceirização no serviço público, a não ser em atividades exclusivas de Estado, como regulamentação e fiscalização.
Como se trata de um tema polêmico e que coloca em risco os direitos trabalhistas de um grande número de trabalhadores, Fátima Bezerra defende que a regulamentação seja amplamente debatida no Congresso Nacional, com a participação de representantes dos trabalhadores, das empresas, e do governo. “Assim como está a proposta, somos totalmente contrários a sua aprovação”, reiterou a parlamentar.   

A senadora citou dados do estudo “Terceirização e Desenvolvimento, uma conta que não fecha” para comprovar que os trabalhadores terceirizados estão em desvantagem em relação aos contratados diretos. “O estudo demonstrou que os terceirizados encaram três horas a mais na jornada semanal de trabalho e enfrentam maior rotatividade: 64 por cento contra 33 por cento dos diretos. O estudo mostra, ainda, que em dezembro de 2013, a remuneração dos terceirizados era 24,7% menor do que a dos contratados; o tempo de permanência no emprego era de 2,7 anos, contra 5,8 anos para os trabalhadores diretos; o índice de acidentes e de pessoas que adoecem no trabalho era oito vezes maior para os terceirizados, e que, de cada cinco mortes em trabalho, quatro foram de terceirizados”, destacou a senadora.


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