Diego Carvalho - De Campo Grande
Campo Grande, município situado no Médio-Oeste potiguar, é
alternativa para quem gosta de praticar a escalada, um esporte radical
que utiliza as técnicas e movimentos do montanhismo e tem como objetivo
exigir o máximo de força e concentração do atleta. A Serra do Cuó, que
se destaca na paisagem da cidade, também se apresenta como um local de
grande potencial para a prática desse tipo de aventura.
Município
de Campo Grande, no Médio-Oeste potiguar, tem grande potencial para a
prática da escalada
Heráclito Patrício, 27, nascido em Campo Grande, tem o privilégio de
morar próximo à serra e de praticar a escalada sem precisar se dirigir a
outra cidade. Ele sempre alimentou o desejo de praticar o esporte, mas
encontrava dificuldades para concretizar essa vontade. Há quatro anos,
Heráclito teve a oportunidade de começar a se aventurar e, desde então,
prossegue no esporte.
“Eu sempre tive vontade, mas não havia amigos praticando. Contudo, a
Serra do Cuó chamou atenção de alguns esportistas de Natal. Eles viram
as fotos do local que eu tinha postado na internet e entraram em contato
comigo. A partir desse episódio, nos aproximamos e surgiu a
oportunidade de praticar a escalada na Serra Caiada, que fica a 70
quilômetros de Natal. Essa foi a minha primeira aventura”, disse.
As paredes rochosas da Serra do Cuó chegam a 200 metros de altura.
Contudo, o ponto mais alto atinge 600 metros. “É tenso, principalmente
nas primeiras vezes, mas, agora, já tenho mais experiência. A escalada é
um esporte de adrenalina e precisamos confiar nos equipamentos”,
acrescentou Heráclito.
A altura alimenta o medo em muitas pessoas. Os interessados pela
escalada não podem desconsiderar essa realidade, mas precisam ter garra
para enfrentar a imponência da natureza. A atenção é, sem dúvida, um
componente que faz toda diferença ao praticar esse esporte. Heráclito
sabe bem disso, mas não deixa que a magnitude da Serra do Cuó atrapalhe o
objetivo de dar continuidade às aventuras. Já tendo praticado o rapel e
a escalada na Serra Caiada e próximo ao Poço Feio, em Governador
Dix-sept Rosado, o maior desafio do esportista foi há dois meses, quando
realizou a metade da escalada proposta na Serra do Cuó, que era de 120
metros.
“Consegui atingir 60 metros de altura. Eu enfrento esses desafios
destemidamente. Cada via da escalada tem um nível de dificuldade. Mas,
tenho um bom grau de desenvoltura. O ideal é fazer exercícios em
academia para ter um preparo físico maior. Como eu não faço academia,
ainda sinto os impactos, após praticar o esporte. Fico dolorido como
alguém que começa a praticar exercícios sem estar habituado com eles”,
ressaltou.
A segurança é fundamental para os amantes da aventura. Heráclito não
dispensa essa proteção, uma vez que desafiar a natureza não é tão fácil.
Corda, capacete, sapatilha e a cadeirinha são itens essenciais para a
prática da escalada. “A corda tem elasticidade e, se a pessoa despencar,
ela ameniza o impacto. Já a sapatilha dá mais aderência à rocha”, disse
Heráclito.
O esportista conta que, apesar de toda segurança, a obstinação dele
para praticar a escalada ainda é motivo de preocupação da família.
“Minha mãe diz que é perigoso. Diz que não é para ir. Meu irmão que
gosta de vaquejada já quebrou várias costelas e também fala que eu devo
deixar essas aventuras de lado. Mas, pretendo continuar praticando o
esporte. O pessoal acha que é loucura”, frisou.
Maria das Neves, 59, mãe de Heráclito, confirma a preocupação. Ela
diz que se apega a Deus e relata que o filho participou da escalada,
pela primeira vez, sem avisá-la. A surpresa evidenciou o perfil
aventureiro do rapaz.
“Eu acho perigoso e fico preocupada. O que faço é me apegar a Deus. A
primeira vez que ele praticou a escalada foi escondido. Só disse
depois. Fiquei nervosa e reclamei. A gente se acostuma um pouco, mas
está sempre preocupada, pedindo a Deus que dê certo. Acidentes
acontecem, mas ele diz que os equipamentos são seguros, confiáveis”,
declarou.
Para os interessados pela escalada, Heráclito fala sobre as virtudes
do esporte radical. “O que posso dizer é que o esporte é bom para quem
gosta de aventura. É um dos melhores esportes e não deixa de ser uma
atividade física. É bastante seguro. A proposta é desafiar os próprios
limites”, salientou.