Às vésperas do Nordeste passar em bloco para área livre de vacinação da aftosa, metade dos criadores do Rio Grande
do Norte ainda não declarou o número exato de seus rebanhos, o que vem
obrigando a Secretaria de Agricultura a correr com essa atualização.
Esse número vem sendo objeto de verificação por parte da Organização
Internacional de Epizotias (OIE na sigla em inglês), que audita os
serviços de defesa da agropecuária nos estados.
Na segunda quinzena deste mês, um grupo de especialistas da
organização desembarca no Ceará exatamente com a missão de certificar os
estados como zona livre da febre aftosa com vacinação.
Nesta quinta-feira o secretário Tarcísio Bezerra, da Agricultura,
disse que espera ter números mais conclusivos até a semana que vem. “Não
é uma tarefa fácil, pois todas as propriedades estão sendo percorridas e o rebanho recontado”, explicou.
Para conceder o status de zona livre com
vacinação, os números exigidos pela OIE são altos. De acordo com o
secretário, um grande número de criadores potiguares simplesmente não
informou o gado vendido ou que morreu no ano passado e isso produziu inconsistências importantes no cadastro do Idiarn.
Desde fins do ano passado, a Secretaria de Agricultura do Estado
anuncia medidas para apressar a recontagem desse rebanho, mas problemas
internos, falta de recursos e dificuldade em se deliberar pequena
decisões contribuiu para agravar o atraso. A expectativa não confirmada é
que o RN tenha perdido até 35% de seu rebanho bovino que nos bons tempos já foi superior a 1 milhão de cabeças.
Mas esta é apenas uma entre muitas preocupações que assolam o governo
estadual neste momento no que diz respeito ao campo. Ontem, a
Governadora Rosalba Ciarlini pediu ao ministro da Integração Nacional,
Teixeira Coelho, pressa na liberação de R$ 20 milhões esperados há dois
anos para equipar cerca de 700 poços já perfurados no Rio Grande do
Norte.
Na verdade, a cifra reivindicada pela secretaria junto ao Ministério
da Integração Nacional era de R$ 26 milhões, quando o titular era Júnior
Teixeira. Desses, R$ 17 milhões viriam para equipar poços artesianos
abertos em 2010 no governo Wilma de Faria e largados sem qualquer
serventia. Desde que a seca se impôs, em 2012, Rosalba não perde
oportunidade de alfinetar Wilma com esses poços abandonados.
Pelo pleito original de Júnior Teixeira, feito em meados do ano
passado, outros seis milhões seriam destinadas à produção de forrageira e
mais R$ 3 milhões para a instalação de dessalinizadores.
Ontem, a governadora lembrou ao ministro que esses poços foram
abertos em 2010, configurando desperdício de dinheiro público, num
momento em que 17 cidades das regiões do Alto Oeste e do Seridó vivem a
iminência de um colapso de água.
“Este projeto foi apresentado ao Ministério da Integração na primeira
reunião de Governadores do Nordeste ocorrida em Sergipe em 2011”,
lembrou a Rosalba ao ministro. “No último dia 22, quando esteve em
Natal, relatei à presidente Dilma o quadro de calamidade que estamos
vivendo no interior e ela garantiu agilidade na solução do problema”,
insistiu.
Segundo o serviço de imprensa da Governadoria, por telefone, o
secretário de Agricultura detalhou para o General Adriano Pereira
Junior, secretário Nacional de Defesa Civil, também presente à
audiência, o quadro crítico em que cerca de 90% dos municípios
potiguares se encontram.
“Açudes, carros-pipa e cisternas já não estão resolvendo mais o
problema da falta de água. A solução é colocar esses poços perfurados em
funcionamento o mais rápido possível para abastecer as cisternas e
bombear água para adutoras”, explicou Tarcísio Bezerra.
Segundo Rosalba – e isso ela lembrou ao Ministro da Integração
Nacional -, o RN será o primeiro estado a universalizar o sistema de
cisternas, já que possui 60% do seu território propício para a
instalação de poços.
Aproveitando para fazer uma prestação de contas dos investimentos
federais no Estado, a governadora repassou os seguintes números: 700
quilômetros de adutoras, 2.700 cisternas subterrâneas, além das obras da
barragem de Oiticica, em Jucurutu, que já atingiu 15% do cronograma.
“Esperamos as bênçãos das chuvas todos os dias, mas temos que
encontrar uma solução urgente para o convívio com a seca”, teria dito
Rosalba ao Ministro. E é ai que está o problema, já que as últimas
previsões indicam uma quadra chuvosa abaixo da média. Se esse quadro se
confirmar, isso significa que a seca instalada em 2012 não serviu de
muita coisa para amenizar a situação dos produtores para um novo período
sem chuvas.