A aliança que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo
Alves (PMDB), articula no Rio Grande do Norte, contempla partidos como
DEM, PSDB e PPS, legendas
que fazem confronto direto com o PT e os aliados na arena da discussão
política e na disputa pelo poder no cenário nacional. O PMDB também
negocia com o PSB, outra legenda adversária do PT em nível nacional,
a participação desta legenda no palanque estadual. O PSB lançará o
governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, candidato a
presidente da República, sendo mais um adversário da presidente Dilma
Rousseff.
Além de optar por adversários de Dilma, o PMDB, que nacionalmente já
confirmou a aliança com a presidente, indicando o atual vice-presidente
Michel Temer (PMDB), para ser companheiro de chapa
novamente da petista, exclui o PT do palanque potiguar, justamente por
conta das preferências da aliança, enfraquecendo o projeto nacional
petista de eleger uma senadora no Rio Grande do Norte – no caso, a
deputada federal Fátima Bezerra (PT).
Na visão do cientista político Antonio Spinelli, DEM e PPS, legendas
que deverão ser aliar ao PMDB na disputa eleitoral de 2014, além de
oposição ao governo federal,
“se caracterizam por um radicalismo de direita muito forte, uma posição
ideológica e programática direitista em todos os níveis”. Ele declarou
que, neste sentido, “o PMDB local está entrando num barco que vai
navegar por águas turbulentas”.
Ao avaliar a aliança articulada pelo PMDB, Spinelli aponta que não há
qualquer alinhamento ideológico ou programático. “O PMDB é o típico ‘partido ônibus’,
um partido pega tudo. É um tipo de partido que persegue cargos e
posições e não tem nenhum compromisso programático e ideológico
definido, a não ser compromisso da reprodução da ordem que aí está”,
afirma o cientista político Antonio Spinelli.
Nesse sentido, a legenda dos primos Henrique e Garibaldi, de acordo com
o professor da UFRN, tem mobilidade para fazer aliança em qualquer
ponto do espectro ideológico, seja à direita, à esquerda, ou ao centro.
“É difícil prever, mas pode não dar certo. Teoricamente uma candidatura
do PMDB ao governo do Estado é forte. Uma candidatura do PMDB ou de
algum aliado ao Senado é forte também, porque o partido é bem
estruturado no Estado, aliás, tem capilaridade no País todo”, observa.
No entanto, o sucesso ou fracasso desta articulação suprapartidária
local, na visão do especialista, “vai depender da capacidade de outros
partidos apresentarem propostas, programas e candidatos que tenham maior
viabilidade eleitoral, apelo ao eleitor, que podem contrapor a aliança
mais conservadora que o PMDB está fazendo”.
Para ele, “pode haver reação”. “O PMDB tem muitos prefeitos, deputados,
vereadores, mas isso não é tudo, não garante tudo. Eu diria que o
eleitorado, até por conta de todos esses movimentos que tivemos em
junho, está mais crítico”, diz. Ainda na visão do especialista, o PMDB,
enquanto partido, persegue os seus próprios objetivos de se fortalecer
partidariamente e obter vagas na Câmara Federal, no Senado e disputar
também o governo do Estado, a Assembleia Legislativa. “Trata-se de um
movimento tipicamente pragmático. Embora tenha aliança com o PT no plano
federal, me parece que a aliança está consolidada, a não ser que
aconteçam novos fatos. Mas todos nós sabemos que é uma aliança que não
há alinhamento ideológico e programático”, reforçou.
Fonte: O Jornal de Hoje