Liderança do PT: “Robinson e Fátima serão palanque de Dilma no Estado”

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014 Pôla Pinto


O Partido dos Trabalhadores já tem rumo certo para as eleições deste ano. E esse rumo não deverá ser o mesmo que o do PMDB. Pelo menos, é isso que acredita uma das lideranças petistas, Geraldo Saraiva, o Geraldão do PT. Em contato com O Jornal de Hoje pela manhã, o ex-presidente do Diretório Estadual do partido afirmou que a melhor opção seria a sigla se aliar ao projeto do vice-governador Robinson Faria, do PSD. Dessa forma, a chapa majoritária seria composta pela deputada federal do PT, Fátima Bezerra, candidata ao Senado e Robinson, disputando o Governo.
Geraldão é um dos líderes do PT no Estado e está lançando a chapa. Foto: Divulgação

Geraldo do PT defende aliança com o vice-governador: “Chapa representa o novo, com experiência”

Segundo Geraldão, inclusive, a intenção é que a militância comece já a segmentar essa chapa na sociedade – de forma não oficial, claro, uma vez que a Legislação Eleitoral proíbe a propaganda antes de julho. “Para mim, o que representa o novo com experiência é a chapa Fátima Bezerra para o Senado e Robinson Faria para o Governo. Fátima porque é uma das deputadas mais atuantes hoje, teve uma evolução no mandato para essa candidatura ao Senado. A de Robinson é uma candidatura madura, lançada já há quatro anos, bem segmentada no eleitorado, que representa realmente o novo, mas com a experiência de um político que tem uma longa bagagem”, analisou o ex-dirigente.

Geraldão foi presidente do Diretório Estadual do PT no Rio Grande do Norte e é um dos petistas mais antigos, sendo considerado uma grande liderança dentro do partido, daqueles que estão presentes em, praticamente, todos os encontros e reuniões. Por isso, ganha peso também o ponto de vista e o posicionamento dele dentro do PT. “Essa é a chapa que apoio e que vou defender internamente no PT, para já começar a ser trabalhada”, acrescentou.

Desde a última semana, a formulação de uma chapa entre PT e PSD ganha força. Isso porque o PMDB, aliado nacional dos petistas, se aproximou do PSB da ex-governadora Wilma de Faria. Como o partido da atual vice-prefeita de Natal é vetado pela Direção Nacional do PT, por representar um projeto de oposição à reeleição de Dilma Rousseff na presidência da República, os petistas tiveram que pensar em opções para manter a pré-candidatura de Fátima ao Senado (que faz parte do projeto nacional de ampliar o espaço no Congresso).

Dessa forma, os caminhos possíveis são dois: lançar uma chapa puro sangue, com Fátima para o Senado e, possivelmente, o deputado estadual Fernando Mineiro para o Governo (opção defendida por algumas lideranças, mas vetada pela Direção Nacional); ou buscar uma aproximação com o PSD, que já tem o pré-candidato ao Governo Robinson Faria. O vice-governador do governo Rosalba Ciarlini poderia formar com Fátima o palanque de Dilma Rousseff no RN, por serem os dois da base aliada da presidente.

“Robinson rompeu com o Governo e se manteve alinhado a gestão Federal da presidente Dilma. Hoje, é ele quem representaria o palanque da presidente aqui no Estado, formando uma chapa com o PT”, confirmou Geraldão do PT. “Com Fátima, seria possível atingir o objetivo do partido que é conseguir mais espaço no legislativo federal. Contudo, com Robinson seria possível atingir mais que isso, seria possível fazer um governo alinhado com a gestão federal da presidente Dilma Rousseff”, acrescentou o petista.

“Não adianta insistir. PMDB já mostrou que não quer aliança”

Para chegar à “opção Robinson Faria”, é bem verdade, o PT tem que abrir mão, de vez, da aliança com o maior aliado, o PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer. Nada de muito complicado no ponto de vista de Geraldão do PT, uma vez que os peemedebistas já demonstraram que não estão dispostos a atender as exigências petistas – uma delas, veta a presença de partidos opositores de Dilma no palanque.

“Robinson esteve com o partido, o presidente do Diretório Nacional o deputado Rui Falcão, e foi muito bem recebido. Não adianta insistir com o PMDB porque ele já mostrou que não quer seguir a nossa linha que é repetir aqui o palanque de Dilma. O PMDB quer fazer uma aliança que vai do DEM ao PSB, mantendo o traço oligárquico que confunde a cabeça do eleitor”, afirmou Geraldão do PT.

Na semana passada, antes da reunião, o presidente da Câmara Federal e líder do Diretório Estadual do PMDB, Henrique Eduardo Alves, afirmou em entrevista que, realmente, iria conversar com o PT para discussão a sucessão estadual. Contudo, queria se aliar apenas com siglas que agregassem e não aquelas que representassem o veto a outros partidos. Um recado claro para os petistas.

Isso porque ao atender o projeto nacional, o de não fortalecer os partidos adversários, o PT no RN veta siglas como o PSB (que tem o pré-candidato a presidência da República Eduardo Campos) e o PSDB (do pré-candidato Aécio Neves). Veta também o DEM, do histórico opositor petista José Agripino, senador potiguar que mantém conversas com o PMDB. Uma verdade incoerência, na visão de Geraldão.

“Como o PMDB pode romper com o Governo Rosalba e, mais tarde, dizer que quer o DEM na chapa? Discordo frontalmente disso. Ainda mais lançam uma chapa que caminha para ser Wilma e Fernando Bezerra, dizendo que é o novo. Mas não é. Ela é a mesma de 2006, mas tendo posições trocadas: Fernando Bezerra daquela vez foi para o Senado e Wilma para o Governo”, criticou o petista.

PT quer militância na rua defendendo Governo de Dilma Rousseff
Quando Geraldão afirmou que já quer a militância trabalhando a partir de agora para segmentar a chapa petista no RN, ele está, apenas, atendendo uma recomendação da Direção Nacional do partido, que na última terça-feira enviou nota para os aliados afirmando que as campanhas “já começaram” para os petistas. “Nossa militância deve ir-se engajando nas tarefas previstas no calendário aprovado pelo DN. O que significa não apenas escolher candidatos, aliados e organizar palanques, mas, sobretudo enfrentar o debate de ideias na sociedade”, afirmou a Direção Nacional do PT.

A Direção Nacional do partido coloca que é necessário criar condições, na sociedade, nos governos estaduais e nos parlamentos de modo a que a companheira Dilma possa realizar um segundo governo com novas e maiores conquistas para o povo brasileiro. Além disso, pediu a construção de uma ampla base parlamentar e social, para que sejam criadas as condições de promover reformas estruturais necessárias, como é o caso da reforma política, da democratização dos meios de comunicação, das reformas urbana e agrária, da reforma tributária – todas propostas antigas do PT, mas que jamais foram totalmente realizadas.
Segundo o Diretório Nacional, constitui grave equívoco imaginar que a eleição está ganha. Pediu-se que a militância haja “sem soberba, sem arrogância e sem subestimar os adversários, numa eleição que se afigura renhida, contra forças conservadoras e poderosas”.

“Nossos oponentes, amparados por grupos da classe dominante inconformados com as mudanças do Brasil e perdas relativas de privilégios, desencadearam contra o governo e o PT uma campanha inclemente. Investem no descrédito do País no exterior; tacham nosso governo de intervencionista; acenam com a volta da inflação (que está sob controle); prevêem retração no mercado de trabalho (que continua a gerar novos empregos); apontam um descontrole fiscal inexistente; vaticinam tendências de recessão e chegam a torcer contra a realização da Copa do Mundo”, ressaltou a Direção Nacional petista.

A nota não afirmou quem são esses adversários do projeto petista no País, mas ressaltou que eles semeiam a insegurança, a incerteza e promovem ações de terrorismo psicológico, na expectativa de assim nos bater nas urnas. “Mais uma vez, apostam no medo para vencer a esperança de milhões que ascenderam e melhoraram de vida sob nossos governos. O programa da oposição, o que a une e a seus representantes, é derrotar-nos a qualquer custo: seja com quem for, conforme reconheceu recentemente um ex-presidente da República. Para tirar o PT do poder, como eles dizem, serve qualquer candidato”, acrescentou.


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