O Partido dos Trabalhadores já tem rumo certo para as eleições deste
ano. E esse rumo não deverá ser o mesmo que o do PMDB. Pelo menos, é
isso que acredita uma das lideranças petistas, Geraldo Saraiva, o
Geraldão do PT. Em contato com O Jornal de Hoje
pela manhã, o ex-presidente do Diretório Estadual do partido afirmou
que a melhor opção seria a sigla se aliar ao projeto do vice-governador
Robinson Faria, do PSD. Dessa forma, a chapa majoritária seria composta
pela deputada federal do PT, Fátima Bezerra, candidata ao Senado e
Robinson, disputando o Governo.
Geraldo do PT defende aliança com o vice-governador: “Chapa representa o novo, com experiência”
Segundo Geraldão, inclusive, a intenção é que a militância comece já a segmentar essa chapa na sociedade – de forma não oficial, claro, uma vez que a Legislação Eleitoral proíbe a propaganda antes de julho. “Para mim, o que representa o novo com
experiência é a chapa Fátima Bezerra para o Senado e Robinson Faria
para o Governo. Fátima porque é uma das deputadas mais atuantes hoje,
teve uma evolução no mandato para essa candidatura ao Senado. A de
Robinson é uma candidatura madura, lançada já há quatro anos, bem
segmentada no eleitorado, que representa realmente o novo, mas com a
experiência de um político que tem uma longa bagagem”, analisou o
ex-dirigente.
Geraldão foi presidente do Diretório Estadual do PT no Rio Grande do Norte e é um dos petistas mais antigos, sendo considerado uma grande liderança dentro do partido, daqueles que estão presentes em, praticamente, todos os encontros e reuniões. Por isso, ganha peso também o ponto de vista
e o posicionamento dele dentro do PT. “Essa é a chapa que apoio e que
vou defender internamente no PT, para já começar a ser trabalhada”,
acrescentou.
Desde a última semana, a formulação de uma chapa entre PT e PSD ganha
força. Isso porque o PMDB, aliado nacional dos petistas, se aproximou
do PSB da ex-governadora Wilma de Faria. Como o partido da atual
vice-prefeita de Natal é vetado pela Direção Nacional do PT, por
representar um projeto de oposição à reeleição de Dilma Rousseff na
presidência da República, os petistas tiveram que pensar em opções para
manter a pré-candidatura de Fátima ao Senado (que faz parte do projeto
nacional de ampliar o espaço no Congresso).
Dessa forma, os caminhos possíveis são dois: lançar uma chapa puro
sangue, com Fátima para o Senado e, possivelmente, o deputado estadual
Fernando Mineiro para o Governo (opção defendida por algumas lideranças,
mas vetada pela Direção Nacional); ou buscar uma aproximação com o PSD,
que já tem o pré-candidato ao Governo Robinson Faria. O vice-governador
do governo Rosalba Ciarlini poderia formar com Fátima o palanque de
Dilma Rousseff no RN, por serem os dois da base aliada da presidente.
“Robinson rompeu com o Governo e se manteve alinhado a gestão Federal
da presidente Dilma. Hoje, é ele quem representaria o palanque da
presidente aqui no Estado, formando uma chapa com o PT”, confirmou
Geraldão do PT. “Com Fátima, seria possível atingir o objetivo do
partido que é conseguir mais espaço no legislativo federal. Contudo, com
Robinson seria possível atingir mais que isso, seria possível fazer um
governo alinhado com a gestão federal da presidente Dilma Rousseff”,
acrescentou o petista.
“Não adianta insistir. PMDB já mostrou que não quer aliança”
Para chegar à “opção Robinson Faria”, é bem verdade, o PT tem que
abrir mão, de vez, da aliança com o maior aliado, o PMDB, partido do
vice-presidente da República, Michel Temer. Nada de muito complicado no
ponto de vista de Geraldão do PT, uma vez que os peemedebistas já
demonstraram que não estão dispostos a atender as exigências petistas –
uma delas, veta a presença de partidos opositores de Dilma no palanque.
“Robinson esteve com o partido, o presidente do Diretório Nacional o
deputado Rui Falcão, e foi muito bem recebido. Não adianta insistir com o
PMDB porque ele já mostrou que não quer seguir a nossa linha que é
repetir aqui o palanque de Dilma. O PMDB quer fazer uma aliança que vai
do DEM ao PSB, mantendo o traço oligárquico que confunde a cabeça do
eleitor”, afirmou Geraldão do PT.
Na semana passada, antes da reunião, o presidente da Câmara Federal e
líder do Diretório Estadual do PMDB, Henrique Eduardo Alves, afirmou em
entrevista que, realmente, iria conversar com o PT para discussão a
sucessão estadual. Contudo, queria se aliar apenas com siglas que
agregassem e não aquelas que representassem o veto a outros partidos. Um
recado claro para os petistas.
Isso porque ao atender o projeto nacional, o de não fortalecer os partidos adversários, o PT no RN veta siglas como o PSB (que tem
o pré-candidato a presidência da República Eduardo Campos) e o PSDB (do
pré-candidato Aécio Neves). Veta também o DEM, do histórico opositor
petista José Agripino, senador potiguar que mantém conversas com o PMDB.
Uma verdade incoerência, na visão de Geraldão.
“Como o PMDB pode romper com o Governo Rosalba e, mais tarde, dizer
que quer o DEM na chapa? Discordo frontalmente disso. Ainda mais lançam
uma chapa que caminha para ser Wilma e Fernando Bezerra, dizendo que é o
novo. Mas não é. Ela é a mesma de 2006, mas tendo posições trocadas:
Fernando Bezerra daquela vez foi para o Senado e Wilma para o Governo”,
criticou o petista.
PT quer militância na rua defendendo Governo de Dilma Rousseff
Quando Geraldão afirmou que já quer a militância trabalhando a partir
de agora para segmentar a chapa petista no RN, ele está, apenas,
atendendo uma recomendação da Direção Nacional do partido, que na última
terça-feira enviou nota para os aliados afirmando que as campanhas “já
começaram” para os petistas. “Nossa militância deve ir-se engajando nas
tarefas previstas no calendário aprovado pelo DN. O que significa não
apenas escolher candidatos, aliados e organizar palanques, mas,
sobretudo enfrentar o debate de ideias na sociedade”, afirmou a Direção
Nacional do PT.
A Direção Nacional do partido coloca que é necessário criar
condições, na sociedade, nos governos estaduais e nos parlamentos de
modo a que a companheira Dilma possa realizar um segundo governo com
novas e maiores conquistas para o povo brasileiro. Além disso, pediu a
construção de uma ampla base parlamentar e social, para que sejam
criadas as condições de promover reformas estruturais necessárias, como é
o caso da reforma política, da democratização dos meios de comunicação,
das reformas urbana e agrária, da reforma tributária – todas propostas
antigas do PT, mas que jamais foram totalmente realizadas.
Segundo o Diretório Nacional, constitui grave equívoco imaginar que a
eleição está ganha. Pediu-se que a militância haja “sem soberba, sem
arrogância e sem subestimar os adversários, numa eleição que se afigura
renhida, contra forças conservadoras e poderosas”.
“Nossos oponentes, amparados por grupos da classe dominante
inconformados com as mudanças do Brasil e perdas relativas de
privilégios, desencadearam contra o governo e o PT uma campanha
inclemente. Investem no descrédito do País no exterior; tacham nosso
governo de intervencionista; acenam com a volta da inflação (que está
sob controle); prevêem retração no mercado de trabalho (que continua a
gerar novos empregos); apontam um descontrole fiscal inexistente;
vaticinam tendências de recessão e chegam a torcer contra a realização
da Copa do Mundo”, ressaltou a Direção Nacional petista.
A nota não afirmou quem são esses adversários do projeto petista no
País, mas ressaltou que eles semeiam a insegurança, a incerteza e
promovem ações de terrorismo psicológico, na expectativa de assim nos
bater nas urnas. “Mais uma vez, apostam no medo para vencer a esperança
de milhões que ascenderam e melhoraram de vida sob nossos governos. O
programa da oposição, o que a une e a seus representantes, é
derrotar-nos a qualquer custo: seja com quem for, conforme reconheceu
recentemente um ex-presidente da República. Para tirar o PT do poder,
como eles dizem, serve qualquer candidato”, acrescentou.