Texto de Geraldo Magela, para reflexão
Ministro Barbosa, José Dirceu, José Genoino.
Exultada, a elite conservadora
brasileira, comemora a prisão de dois representantes históricos, Dirceu e
Genoino, das lutas contra a ditadura militar que dominou o Brasil de
1964 a 1985. E que com a juventude e a utopia própria dos que tem uma
visão social ajudaram a organizar o partido político que encaminhou uma
pauta de transformações no Brasil, na direção dos excluídos do processo
civilizatório brasileiro: o Partido dos Trabalhadores - PT.
A condenação desses políticos tenta
também levar a condenação da história dos que lutaram contra o
autoritarismo, o exílio, os assassinatos de homens e mulheres de idéias
que propugnavam pelas liberdades públicas, pela dignidade e pela
cidadania, naquele período e na continuidade das suas vidas. Não
compreendo em que este ato de prisão política eleva a autoridade do
Ministro Barbosa. Não entendo em que a ferocidade do Ministro Barbosa em
relação a esses condenados enaltece a Justiça brasileira. Não
compreende em que atos moralistas desse tipo ajudem a corrigir as
fraudes dos processos eleitorais no Brasil.
Mais, não entendo como a indignação da
velha elite e seus áulicos, servos voluntários do poder político e
econômico não a leva a lutar por uma reforma política que evite que um
candidato apoiado por um empresário tenha 20 ou 30 vezes mais recursos
numa campanha política do que aquele outro candidato que não tem esse
apoio, esse fato distorce a representação parlamentar. Como hoje, dos
513 deputados federais, 432 representam os empresários do agronegócio,
da indústria, das finanças, do comércio, enquanto que o povo conta com
apenas 82 deputados. A questão da guerra moral é que ela não leva ao
questionamento das estruturas que mantém uma sociedade e seu povo há
séculos numa divisão de classes onde os trabalhadores e os pobres em
geral, são penalizados, marginalizados. A moral de Barbosa e seus
seguidores dá as costas para os fatos. A comprovação material dos atos.
O Ministro Joaquim Barbosa, de origem
pobre, afro-descendente não precisa fazer aquilo que a velha direita vem
fazendo com competência há cinco séculos no Brasil: descriminar,
excluir. Barbosa, nesse caso, é coptado por um pensamento conservador,
tacanho, atrasado, mesquinho que tem agachado o nosso povo e
amesquinhado o nosso processo de civilização. Gostaria de saber, como
cidadão, de Barbosa e outros, qual o roubo de Dirceu e Genoino, quanto
eles roubaram, o que fizeram com o dinheiro roubado? Ora, isso seria tão
fácil de demonstrar, basta que se compare o patrimônio desses políticos
com os salários recebidos por eles nesse tempo. Ou, em que paraíso
fiscal eles foram depositar o dinheiro roubado. Até hoje não obtive
essas respostas.