Numa aula de filosofia na escola onde
leciono, um(a) aluno(a), estupidamente, diz que o professor viria à sua sala
“conversar besteira”. Ouço tais palavras – indignas, reflexos da mais pura
deseducação recorrente entre nós - como algo intimamente cortante, embora
contente-me saber que um percentual positivo compreende o inarredável mérito do
ofício a que me proponho e em que “aventuro-me”, assim como o faz meus pares. Por
várias vezes, já presenciei desacatos similares contra colegas. O fato é que, intencionalmente
ou não, atos assim revelam algo preocupante. Lembremos, portanto, que isso
ocorre em qualquer instituição educativa, em qualquer lugar deste país... do
futebol, do carnaval, da bunda, da cachaça. Da educação? Talvez ainda não seja.
De mim, se o quiser, o aluno em questão tem
as mais serenas desculpas, posto que não existe uma “culpa” exclusivamente
individual. Um estudante desrespeitoso é sempre produto de um sistema denominado:
“cadê a educação?” Em todo caso, aprendo a lição de extrair o bem contido onde
aparentemente não há e assim o faço por esta ponderação que segue.
Pensemos um pouco...
Então, ser Professor é ser “besta”? Ser
um profissional Educador (vilipendiado pelo Estado, ignorado pela mídia, pouco
reconhecido socialmente, é ser “besta”? Então, integrar uma categoria
comprometida com o progresso de uma nação composta por milhões de não-educados,
de marginalizados, de humanos historicamente negados, enfim, é ser “besta”? Digam-me!
Temos graduação, pós-graduação,
aperfeiçoamentos. Estudamos, planejamos, nos esmeramos por fazer o melhor. SOMOS
PROFISSIONAIS! RESPEITEM-NOS!!!
Nos dias atuais, lecionar não me parece ser
uma profissão “na moda”; parece-me estar sendo vista apenas como uma atividade
“qualquer”. Parece-me que, para uma multidão de “estudantes” ávidos por
“notas”, educar(se) efetivamente já não faz tanto sentido. Parece que, para
esta multidão, conseguir um ‘diplominha’ basta. E conseguem. Se for por
aptidão, parabéns. Se não, pêsames é o que resta a ser dito. E, dado motivo de
“pêsames”, um diploma para quê? E a competência? Quem responderá por ela?
É como se o saber estivesse à venda ao
preço de ser “aprovado”, apenas. É como se o aprender não fosse essencial ao
sucesso em qualquer dimensão do ser humano. Ingênuos.
Improfícua, cambaleante Instituição escola.
Com efeito, apenas os dedicados obtêm êxito.
Ah! Como eu - Professor - queria ser
convencido do contrário... Como seria nobre habitar uma sociedade da
educação... Mas como? Por acaso, algum “representante” do otimismo simplista pode,
por a + b, provar meu eventual senso hiperbólico? Existe
uma importância conferida à escola, à família, aos princípios fundamentais da
vida social e humana, tais como respeito, tolerância?
E não me venham dizer de pessimismo! Não
me venham alardear hipocrisia! Pessimistas não têm metas, não alimentam sonhos
consigo. Pessimistas não trabalham todos os dias por desejarem e acreditarem o progresso.
Pessimistas não têm vocação para voluntariado; não atuam em prol da
coletividade. Sou, sim, otimista e exatamente por isso é que penso, reflito,
busco compreender o mundo mediante os atos que levo a feito.
Às vezes, imagino que talvez não devesse
ser assim. Talvez devêssemos abdicar de sermos despertos. Talvez devêssemos
continuar “sonhando” (fantasiando) com uma escola e uma sociedade boas - aquelas
incansavelmente imaginadas pelas pessoas de bem. Isso será possível, creio,
após as revoluções necessárias. Ante tudo, confesso que não consigo, tampouco
quero que me façam “dormir” em nome deste tal “sonho”. Existo acordado e prefiro
“olhos abertos”, enquanto cumpro em ser Professor e demais responsabilidades
que me compete. Meu real sonho neste cenário é de que eu nunca “durma”.
Respondam-me, então, o que é ser sábio! Ser
sábio é ser ignorante? É ser fatalmente alienado? É desacatar seus Mestres -
profissionais, cidadãos? Ser sábio é ser vítima e algoz de valores pífios de
uma sociedade doente, que mata, que morre, que perpetua as misérias, que
violenta a si mesma?
À parte ignominiosa que não respeita Docentes,
peço que perdoe-nos por não pactuarmos da mediocridade que lhes acomete. Perdoe-nos
por não andarmos em seu caminho retrógrado, sem rumo.
Somo a integridade de Ser Professor e jamais
desvio disso!
Por Messias Torres (foto)
Professor / Poeta / Radialista
Fonte:Blog Agora Almino Afonso Informa