SER PROFESSOR

quinta-feira, 26 de setembro de 2013 Pôla Pinto



Numa aula de filosofia na escola onde leciono, um(a) aluno(a), estupidamente, diz que o professor viria à sua sala “conversar besteira”. Ouço tais palavras – indignas, reflexos da mais pura deseducação recorrente entre nós - como algo intimamente cortante, embora contente-me saber que um percentual positivo compreende o inarredável mérito do ofício a que me proponho e em que “aventuro-me”, assim como o faz meus pares. Por várias vezes, já presenciei desacatos similares contra colegas. O fato é que, intencionalmente ou não, atos assim revelam algo preocupante. Lembremos, portanto, que isso ocorre em qualquer instituição educativa, em qualquer lugar deste país... do futebol, do carnaval, da bunda, da cachaça. Da educação? Talvez ainda não seja.
De mim, se o quiser, o aluno em questão tem as mais serenas desculpas, posto que não existe uma “culpa” exclusivamente individual. Um estudante desrespeitoso é sempre produto de um sistema denominado: “cadê a educação?” Em todo caso, aprendo a lição de extrair o bem contido onde aparentemente não há e assim o faço por esta ponderação que segue.
Pensemos um pouco...
Então, ser Professor é ser “besta”? Ser um profissional Educador (vilipendiado pelo Estado, ignorado pela mídia, pouco reconhecido socialmente, é ser “besta”? Então, integrar uma categoria comprometida com o progresso de uma nação composta por milhões de não-educados, de marginalizados, de humanos historicamente negados, enfim, é ser “besta”? Digam-me!
Temos graduação, pós-graduação, aperfeiçoamentos. Estudamos, planejamos, nos esmeramos por fazer o melhor. SOMOS PROFISSIONAIS! RESPEITEM-NOS!!!
Nos dias atuais, lecionar não me parece ser uma profissão “na moda”; parece-me estar sendo vista apenas como uma atividade “qualquer”. Parece-me que, para uma multidão de “estudantes” ávidos por “notas”, educar(se) efetivamente já não faz tanto sentido. Parece que, para esta multidão, conseguir um ‘diplominha’ basta. E conseguem. Se for por aptidão, parabéns. Se não, pêsames é o que resta a ser dito. E, dado motivo de “pêsames”, um diploma para quê? E a competência? Quem responderá por ela?
É como se o saber estivesse à venda ao preço de ser “aprovado”, apenas. É como se o aprender não fosse essencial ao sucesso em qualquer dimensão do ser humano. Ingênuos.
Improfícua, cambaleante Instituição escola. Com efeito, apenas os dedicados obtêm êxito.
Ah! Como eu - Professor - queria ser convencido do contrário... Como seria nobre habitar uma sociedade da educação... Mas como? Por acaso, algum “representante” do otimismo simplista pode, por a + b, provar meu eventual senso hiperbólico? Existe uma importância conferida à escola, à família, aos princípios fundamentais da vida social e humana, tais como respeito, tolerância?
E não me venham dizer de pessimismo! Não me venham alardear hipocrisia! Pessimistas não têm metas, não alimentam sonhos consigo. Pessimistas não trabalham todos os dias por desejarem e acreditarem o progresso. Pessimistas não têm vocação para voluntariado; não atuam em prol da coletividade. Sou, sim, otimista e exatamente por isso é que penso, reflito, busco compreender o mundo mediante os atos que levo a feito.
Às vezes, imagino que talvez não devesse ser assim. Talvez devêssemos abdicar de sermos despertos. Talvez devêssemos continuar “sonhando” (fantasiando) com uma escola e uma sociedade boas - aquelas incansavelmente imaginadas pelas pessoas de bem. Isso será possível, creio, após as revoluções necessárias. Ante tudo, confesso que não consigo, tampouco quero que me façam “dormir” em nome deste tal “sonho”. Existo acordado e prefiro “olhos abertos”, enquanto cumpro em ser Professor e demais responsabilidades que me compete. Meu real sonho neste cenário é de que eu nunca “durma”.
  Respondam-me, então, o que é ser sábio! Ser sábio é ser ignorante? É ser fatalmente alienado? É desacatar seus Mestres - profissionais, cidadãos? Ser sábio é ser vítima e algoz de valores pífios de uma sociedade doente, que mata, que morre, que perpetua as misérias, que violenta a si mesma?  
À parte ignominiosa que não respeita Docentes, peço que perdoe-nos por não pactuarmos da mediocridade que lhes acomete. Perdoe-nos por não andarmos em seu caminho retrógrado, sem rumo.
Somo a integridade de Ser Professor e jamais desvio disso!
 
Por Messias Torres (foto)
Professor / Poeta / Radialista 

Fonte:Blog Agora Almino Afonso Informa


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